De uns tempos para cá, proliferam as academias de lutas orientais, sob as mais variadas denominações. Algumas dessas academias são dirigidas por professores competentes, mas outras têm na direção pessoas leigas, que não sabem exatamente o que ensinam, advindo desse desconhecimento, as discussões sobre a superioridade de um tipo de luta sobre as outras.

A verdade, porém é que a base de todas as lutas é o JIU-JITSU,que é composto de 113 estilos, dos quais somente 64 são conhecidos em nossos dias, podendo ser praticado em pé ou no chão e com qualquer tipo de vestuário, não se compreendendo a tentativa de comparação entre um todo e uma parte, como é o caso do judô, por exemplo, que nada mais é do que parte das projeções dos corpos do JIU-JITSU (JU), ou do karatê, taekwondo e kung-fu, que englobam os golpes traumáticos (ATEMI) e o aikidô que é à parte das torções extraídas do JIU-JITSU (AIKI).

Apesar das versões contraditórias, atribui-se a origem do JIU-JITSU à Índia, berço de civilizações e de cultura inigualáveis. Monges budistas de longínquos monastérios, obrigados a percorrer longas caminhadas em estradas infestadas de bandidos, para propagarem sua fé, foram os verdadeiros criadores e disseminadores da maior ARTE DE DEFESA PESSOAL do mundo, que é INDISCUTIVELMENTE o JIU-JITSU.
Ao norte da Índia, a algumas milhas acima de Benares, há 2.500 anos, nascia o príncipe Sidartha Gauthama, conhecido como Saquia Muni (Príncipe Solitário) que mais tarde veio a ser conhecido como Buda, o iluminado. As sua filosofia de vida deu origem à religião que leva o seu nome. Os monges budistas tinham por filosofia a disseminação dos ensinamentos de Buda e, com isso, eram obrigados a viajar por toda a Ásia a fim de cumprir esta determinação religiosa. O costume era viajar em duplas, mas mesmo assim os trajetos tornavam-se perigosos e era preeminente uma forma de defesa para os monges. o problema era que o budismo é completamente contrário ao uso de armas ou violência, portanto os métodos tradicionais de defesa eram impróprios.

Uma pequena vila na Índia despertou a atenção dos monges. Os moradores daquela localidade também não utilizavam de armas e desenvolveram um estilo de defesa consubstanciado no movimento dos animais.Com isso, surge também um estilo de defesa pessoal e luta em virtude da necessidade de defesa dos monges. Dotados de grande saber e perfeito conhecimento do corpo humano, aperfeiçoaram o estilo de defesa daquela vila indiana.

As viagens dos monges chegaram à china, na região do Vale do Rio Mekhong, povoado por lavradores e camponeses e assolada por salteadores. Aproveitando as técnicas aprendidas com os monges Budistas, os chineses desenvolveram o Kung-Fu que é um misto de movimento de animais e utilização de instrumentos próprios da agricultura chinesa, como foices, facões e espadas. O Kung-Fu foi utilizado pelos monges budistas na china como forma de meditação e conhecimento de sua força interior; cada mosteiro desenvolvia uma técnica adaptada ao animal que mais se aproximava da crença do templo, haja vista os templos Shao-Lin.

A china sempre foi o ideal cultural do Japão, principalmente quando a china tentou conquistar as ilhas do arquipélago japonês; foi aí que as técnicas de defesa dos monges budistas foram introduzidas no Japão, onde se desenvolveram no JIU-JITSU, que tem na defesa pessoal a sua principal essência, baseados em leis físicas, tais como equilíbrio, momento de força, alavanca, inércia, centro de gravidade, etc.
O JIU-JITSU é um esporte de desenvolvimento intelectualizado, tendo em vista sua complexidade, seus movimentos obedecem a uma ordem crescente de controle e inteligência; seus aprendizados são recomendados por médicos, psicólogos e educadores, como integrante da educação, paliativo de tensões psíquicas e fator de psicomotricidade, autoconfiança e total controle de si mesmo, condicionando os reflexos e induzindo a decisões rápidas e seguras, em situações caóticas e conseqüentemente desprovendo de complexos, seus praticantes.
No Brasil foi introduzido pelo Conde Koma (Essai Maeda), a um pequeno grupo de amigos brasileiros, como forma de agradecimento pelo apoio na implantação da colônia japonesa no Pará. Têm por finalidade o desenvolvimento de todos os homens e visa, principalmente, a defesa do indivíduo sem a prática da violência. Assim quem sabe JIU-JITSU, mesmo fisicamente fraco, está em condições de se defender de qualquer agressão através de movimentos que têm por base o princípio da alavanca, sem precisar necessariamente de usar força ou violência. Visa também, o JIU-JITSU, o desenvolvimento da personalidade do indivíduo, estimulando as qualidades positivas e intelectuais do praticante, pois não se trata de uma luta e sim, de um SISTEMA DE DEFESA que exige, antes de tudo, o uso da inteligência para consumação do golpe que se pretende aplicar. Um praticante de JIU-JITSU desenvolve-se física e mentalmente.
Não pretende o JIU-JITSU criar valentões, mas evidentemente, seus praticantes se tornam pessoas confiantes, pois eliminando do subconsciente o medo do golpe físico, que todos têm naturalmente, o praticante de JIU-JITSU se torna apto a enfrentar qualquer agressão, e o que é muito importante, a enfrentar qualquer situação difícil, em qualquer setor da atividade, pois, não teme sofrer agressões, inclusive psicológica.
Fácil é verificar-se a utilidade de JIU-JITSU na educação já que a criança e o jovem, vítimas maiores da insegurança e dos temores, bem depressa aprendem a ter confiança em si mesmos e passam a ter maior desenvolvimento nos estudos, nos esportes em geral e mesmo no relacionamento familiar, pois a confiança que adquirem com a prática do JIU-JITSU lhes permite até mesmo eliminar a agressividade própria dos inseguros e lhes dá desinibição, indispensável ao relacionamento com seus semelhantes.
Isso é válido também para os adultos, pois a confiança em si próprio é a mola-mestra do sucesso em qualquer ramo de atividade humana, notadamente naqueles setores em que se exige que o indivíduo se exponha aos olhos e, conseqüentemente, à crítica dos que o rodeiam.
Pode-se concluir que o JIU-JITSU, na forma tradicional em que é ensinado, é o maior auxiliar da formação moral e intelectual do praticante. Sua prática é recomendada a todos. Pois os princípios de ordem moral e física que seu praticante adquire, trazem-lhe subsídios valiosos na formação de seu caráter e de sua personalidade.